Resenha: O Livro Do Destino

O Livro Do Destino - Parinoush Saniee



Sinopse: Os anos que se seguem ao casamento de Massoumeh revelam-se transformadores para o Irã. Hamid, seu marido, é um dissidente marxista, perseguido primeiramente pelo regime opressor do Xá e depois pelos fundamentalistas que ele próprio ajuda a chegarem ao poder. O destino de Massoumeh, até então ditado pela lealdade à família e à tradição islâmica, passa a ficar atrelado às mudanças radicais no país. O livro do destino abrange cinco décadas turbulentas da história do Irã, em que prevaleceu a repressão, o abuso, a miséria e a privação. É uma história intensa sobre amizade e paixão, medo e esperança — e uma rara visão interna da sociedade iraniana. Proibido de ser lançado duas vezes pelo governo iraniano, tornou-se um dos maiores best-sellers da história do país, com mais de 20 edições.









O Livro Do Destino narra à história de Massoumeh uma adolescente com muitos sonhos e ideias, porém seus sonhos parecem não passar de utopia já que a cultura do Irã país de sua nacionalidade não dá as mulheres o direito a sonhos e ideias. Bom narrado em primeira pessoa pela personagem principal Massoumeh a história começa com ela adolescente e com uma vontade enorme de estudar se formar e entrar para a Universidade. Porém a família e principalmente seus irmãos não veem necessidade disto já que para eles a mulher é educada somente para casar, ter filhos e cuidar da casa. Mas mesmo com a relutância da família Massaoumeh consegue convencer seu pai a deixá-la estudar, mas seu sonho dura pouco, quando ela se apaixona Saiid (um jovem que trabalha em uma farmácia), que lhe envia uma carta e para seu azar seu irmão descobre a carta que Saiid lhe enviara, e é aí que a vida de Massaoumedh vira um  verdadeiro inferno, ela leva uma surra de seus irmãos, é tratada pela família como uma pessoa suja e impura, e é proibida de frequentar a escola. E o único jeito que seus irmãos encontram para salvar a honra da família é casando-a. E é aí que Hamid entra na vida dela.

Então gente até aqui nós é apresentado à família de Massaoumedh, e os costumes islâmicos (a religião), tem cenas que a gente fica chocada, mas é a cultura e a religião deles. Como quando uma  amiga Massaoumedh grita seu nome na rua; isto pra nós aqui é fato corriqueiro, mas lá é algo inapropriado, ou quando o irmão dela a espanca por ela somente ter recebido uma carta de amor, sendo que o próprio irmão tem um caso com uma mulher casada. Nossa é muita coisa, a autora vai colocando em cada cena, pitadas de ironias e reflexões. A mulher é trada como um nada, ela não tem voz, não tem opinião, tem casos que o filho não pode sequer abraçar a própria a mãe, um beijo no rosto então, é impensável.


Bom mas voltando a vida de Massaoumedh ela acaba se casando com Hamid só que ele não é conservador, não acredita em Deus e menos ainda no islamismo. E ele acaba dando pra ela opção dela fazer o que quiser da vida dela, ele nem insiste em consumar o casamento com ela (está foi uma parte que eu fiquei com raiva por que ao invés dela aproveitar está oportunidade ela não faz nada, nem estudos que ela tanto queria ela não corre atrás, de verdade gente simplesmente ela se resigna no papel de dona de casa, não que isto seja errado desde você queria este papel, mas ela tinha sonhos planos e tal. Então o tempo passa e ela acaba consumando o casamento e tendo filhos).


A convivência com o marido, é quase como se ele não existisse, porque sua única preocupação é com a política e suas ideias e com tempo ela começa a descobrir o que realmente Hamid faz que no caso ele faz parte de uma organização que tem as ideias marxista como base pra mudar o país e ele luta contra o Regime do Xá. Os dois até se gostam mas o Hamid é fanático nas ideologias dele e põem a política e as ideias dele acima da família.


“A ideologia pura é uma armadilha, faz de você uma pessoa preconceituosa, obstrui o pensamento e a opinião individuais, e cria tendenciosidades. E, por fim, faz com que se torne uma pessoa fanática, unidimensional”.


O começo do livro se passa mais ou menos nos anos cinquenta sessenta ... eu não me lembro do momento exato do tempo por que o livro não fala de datas claramente só há um momento que fala o ano e mesmo assim eu tive fazer as contas de acordo com a história pra me situar. Enfim o livro tem muitos detalhes, o marido dela vai preso e ela tem de educar os filhos sozinha, e passa por mal momentos com a falta de dinheiro e ainda em uma época de mudança política.

O final da história: para os românticos de plantão pode não agradar muito hahah. Mas falando sério, olhando o livro como um Romance, ficou um pouco a desejar, mas quando você olha a vida de Massaoumedh e os costumes do islamismo você consegue entender a decisão que ela toma no final. O problema com o final em minha opinião é que ela pregava para os filhos delas; que a pessoa tinha que lutar correr atrás, fazer aquilo que gosta casar por amor (algo às vezes difícil na cultura deles, porque geralmente os casamentos são arranjados), mas quando chegou à vez dela fazer tudo isto ela não fez, e deixa a felicidade escapar em nome daquilo que ela sempre lutou pra combater, que é a intolerância e a ignorância.


Pessoal o livro é muito bom eu não estendi muito sobre o Regime do Xá porque eu li este livro faz algum tempo e havia esquecido de fazer a resenha, e como foi um período da história que realmente aconteceu, pra falar você tem que entender, mas o livro trás muitas informações e esclarecimentos. Recentemente eu assisti ao filme Setembro em Shiraz que também fala um pouco sobre este tema vale a pena conferir. Sinopse: em 1979, a família judia de Isaac se vê em meio à revolução islâmica no Irã. Por ter um negócio lucrativo, o joalheiro Isaac é considerado suspeito e é preso pela guarda revolucionária. Ele passa a ter que fazer de tudo para escapar da tirania islâmica e ver sua família novamente. Bom gente espero que tenham gostado. Boa Leitura!

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2 Comentários

  1. Jefferson Rodrigues18/05/2021, 02:07

    Muito interessante! Não conhecia o livro

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    1. Olá! Jefferson, realmente o livro é muito interessante, vale a pena ler. Abraços!

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